2016-09-06

Uma simples história de menino...


Não sei…

Não sei se esta minha simples história de menino será uma simples história…

Não sei se esta minha simples história de menino será uma simples história, daquelas simples histórias imaginadas por Lennon…

Das histórias onde não existem “paraísos ou infernos” …

Das histórias onde não existem “limites ou fronteiras”[1]

Das histórias onde não existem motivos para “matar ou morrer” …

Das histórias onde não existem “religiões” para “odiar ou venerar” …

Das histórias onde apenas existem seres humanos “vivendo harmoniosamente em paz… numa imensa irmandade”!

Não sei!

 

Só sei…

Só sei que esta minha simples história de menino é realmente a história de um simples menino!...

Um menino que nasceu e cresceu no seio da sua família… numa aldeia cujo nome não difere de tantos outros nomes de tantas outras aldeias e tantos outros simples meninos e meninas…

Um menino que nasceu e cresceu no mais perfeito clima de paz e liberdade… num bairro como tantos outros bairros, onde, para ir à escola bastava pular um simples muro -o muro da própria casa…

Um menino que nasceu e cresceu numa aldeia, num bairro onde todos se conhecem, onde todos falam e entreajudam, onde não existem ricos nem pobres… -ou pelo menos onde nunca se viu alguém sem pão a implorar por uma esmola…

Um menino que se entretinha a ler livros escolares, tal como se entretinha a ler livros do tio Patinhas, do Major Alvega ou do Búfalo Bill…

Um menino que adorava tocar viola e andar de bicicleta, jogar à bola, às cartas e ao Monopoly com os seus amigos… meninos, como ele, como tantos outros meninos alegres e felizes…

Um menino que no seu crescimento conheceu uma professora, uma verdadeira heroína, multifacetada, omnipresente, a perfeita amiga que ficava sempre até ao fim do dia… que conhecia na perfeição todos os meninos… as mães dos meninos… os pais dos meninos… e até os vizinhos de todos os meninos…

Um menino que no seu crescimento conheceu também uma menina, por quem se apaixonaria, também ela simples, como tantas outras meninas de outras aldeias como esta…

 

Sei…

Sei esta simples história de um menino porque a conheço na realidade -tal como todas aquelas histórias imaginadas por Lennon!

 

Ah!... John, sei também que na realidade não é um sonho!



[1] Países


  • Foto: Francisco José Corado Silva (pai); Carlos Manuel Alturas da Silva (filho); Adália Cristalina Mira Alturas (mãe); (anos 60, séc. XX);
  • Texto: Agora (I), 0081, "Uma simples história de menino...", 2016-09-06

1980-08-28

Parecia andar atrás de mim...

 

Levantei-me cerca das 07h20. Bebi o habitual café com leite, lavei a cara à pressa, e mais uma vez, fui a Estremoz às minhas lições de música.

Ao chegar a Estremoz encontrei-me com a minha amiga e colega de escola Mª do Rosário com a qual estive a falar durante alguns momentos.

Depois da aula de música, na garagem onde se apanha as camionetas, voltei a estar de novo com ela. Foi então que surgiu uma grande surpresa: através do vidro da porta, casualmente, surgiu a 'garota' que anteriormente, através do primo, me mandara uma pequena e inesperada carta. O seu nome: Mª do Rosário Cabaço, que, sem dúvida nenhuma, vinha também passar a festa dos Arcos com a avó ou com a sua prima (Ita). Observei-a durante alguns momentos...

Entretanto chegou o Paulo Gomes que me acompanharia durante alguns momentos. Como não regressava ao Arcos de camioneta, decidi pedir-lhe boleia, acabando por regressar com ele.

De tarde fui até lá abaixo jogar um pouco às cartas com o Vieira; depois vim para casa entreter-me um pouco a tocar a minha guitarra.

Fui até ali à rua encontrando de imediato a Dadinha e a Leonor… sem sequer imaginar que esta última estava zangada comigo. Tivemos então uma pequena conversa que nada resolveria... não quis fazer mais comentários sobre o assunto que, segundo ela, eu saberia muito bem qual era. Não sabia, mas, se era realmente o que imaginava, não poderia sentir a menor culpa… eventualmente outra pessoa... mas, porquê preocupar-me com isso?

Por ali estava também o Fagulha e a Dadinha… -que aparecia constantemente ao pé de mim… parecia andar atrás de mim…

Algo magoado com as acusações de que fora alvo, acabaria por ir dar uma volta de bicicleta passando também por ali algumas vezes sempre 'na brasa'.

Deite-me cerca das 24h00.

1980-08-27

Finalmente vi a Dadinha

 

Levantei-me cerca das 06h50, bebi o leite, e depois apanhei a camioneta para ir a Estremoz receber a minha lição de música. Compraria um caderno para me entreter a desenhar enquanto se faziam horas para regressar.

Após almoçar fui ver o Josué que estava doente. É claro que também com o intuito de observar a prima da Leonor que até ao momento ainda não tivera oportunidade de ver.

Depois fui até lá abaixo. Joguei uma partidinha na máquina do Adalberto e vim para cima até à do Zé com quem, juntamente com o Rui, estaria a jogar às cartas.

Finalmente, após ter vindo lanchar, vi a Dadinha que vinha da fonte com a prima.

Deu por ali umas voltinhas para me ver… enquanto eu por ali andava com o Zé e me aproximava dela; tarefa, aliás, fácil, pois também ela pretendia aproximar-se de mim... sempre andando de bicicleta.

Quando finalmente parou um pouco, lá me dirigi a ela. Falou-me muito bem, pelo que de imediato abordaria um assunto que, de momento, ainda é um segredo…

Posteriormente, ora andava uma, ora andava outra na bicicleta, o que me permitiria conversar com ambas, mas procurando apenas a confiança daquela de quem julgo gostar.

E lá passaria umas belas horas… uns bons momentos dialogando...

Fui lá abaixo levar o meu pai e regressei novamente para o pé delas...

Depois fui jogar um pouco à bola com o Espiga o Vítor o Boleia e o Carlos Alberto, em plena estrada, e regressei novamente para o pé dela... até que se foi e eu decidi fazer o mesmo.

Jantei e depois vi a telenovela. Mais tarde fui chamar a minha tia Maria para vir ver os Jogos Sem Fronteiras que se realizaram na Bélgica. Como não podia deixar de ser, é claro que Portugal ficou em último lugar. A equipa que desta vez nos representou foi a Figueira da Foz

Fiz as habituais flexões e deitei-me cerca das 23h40.

1980-08-26

A Leonor disse-me que a prima vinha hoje

 

Levantei-me cerca das 11h40 passando praticamente toda a manhã na cama tocando guitarra. Não fui à minha lição de música porque desta vez a minha mãe não me acordou.

Apesar do mau tempo, espero ter um bom dia pois a Leonor disse-me que a prima (Liberdade) vinha hoje. Apesar de algo pequena, é gira e eu até gosto um bocado dela. De tal modo que daria para tirar uma fotografia num dos últimos dias que esteve comigo.

De tarde fui até à do Zé onde estive lendo alguns livros e depois até lá abaixo. Ao regressar estive a desenhar um pouco, que, aliás, é um dos meus passatempos preferidos.

1980-08-25

Fui com a minha guitarra até à do Zé

 

Levantei-me pelas 07h20 e fui mais uma vez a Estremoz receber a minha lição de música com o Sr. Cabaço. Após a aula andei por ali passeando, sozinho, até que encontraria o meu vizinho, o Sr. Sepanas (Pêra), que me convidaria a vir com ele na sua Peugeot. Não regressaríamos de imediato pois tinha uns assuntos a tratar previamente, no entanto, tudo decorreria num clima agradável, já que de sua parte surgiam sempre uma ou duas piadinhas, de certo modo, engraçadas.

Almocei, e de tarde fui com a minha guitarra até à do Zé, tocar um pouco, deixando-a depois em casa da minha avó Raposa, já que acompanharia a minha prima Laurinda até à sua casa.

Fui então comprar o jornal para saber as primeiras notícias sobre os jogos de ontem. Regressei e voltei novamente até lá abaixo, mas desta vez de bicicleta, para ver os preparativos para a festa dos Arcos.

À noite, veria algo que realmente me surpreenderia: a segunda parte do 'Prata da Casa' que ontem inexplicavelmente seria interrompido. Afinal, acabaria por ser adiada para hoje. O motivo, segundo sei, seria “uma ameaça de bomba” supostamente proveniente de alguém pertencente a um partido político que não gostaria da prova de humor de uma das equipas participantes que, pelos vistos, criticava as suas figuras políticas. Realmente, ações desta natureza, nem de brincadeira se devem fazer pois o Villaret encontrava-se repleto de espectadores e poderia ter acontecido uma autêntica tragédia.

Só em Portugal se brinca com órgãos de informação por causas políticas… realmente um autêntico atraso de vida!

Em vez de nos unirmos para não sermos 'o mais pobre da Europa', brincamos á política!

Enquanto não houver alguém nesta série de governos consecutivos que aposte realmente no progresso e desenvolvimento de Portugal, dificilmente teremos um futuro melhor para todos os portugueses, especialmente os mais jovens...

Mas, como dizia, hoje lá vi o resto do 'Prata da Casa', juntamente com meus tios (Maria e Armando), avós (Raposa, Dimas e Cristina), e mãe. Meu pai fora lá abaixo tomar a bica.

Deitei-me cerca das 23h30.

1980-08-23

Tomar banho no tanque do Sr. Lúcio

 

Levantei-me cedo pois tencionava ir com meus pais a Estremoz. Iria de carro com o Sr. Alfredo, o pai da Ivone. Assim que me encontrei novamente com eles, fomos comprar dois pares de calças e uma camisa para a festa dos Arcos que se próxima.

Regressaria na camioneta.

Pelas 06h00 fui falar à minha tia Maria e ao meu tio Armando que tinham vindo de Lisboa.

Seguidamente fui tomar banho no tanque do Sr. Lúcio com o Zé, o Jorge e o Nuno.

Depois de jantar vi a novela e fui até lá abaixo jogar à bola e apanhar um pouco de ar fresco.

Ao regressar a casa ouvi um pouco de música e finalmente vi o filme 'Guerra ao Crime’.

Quando me deitei eram cerca de 24h15.


1980-08-21

Passatempos: música e leitura!

Tencionava ir mais uma vez de bicicleta para Estremoz receber as minhas habituais lições de música; mas, como estava muito calor, decidi não ir acabando por ficar em casa a escrever à minha correspondente inglesa (Becky).

Depois de almoço iria até à Rosada buscar um pouco de água fresca à minha avó Raposa e aproveitei para fazer uma pequena visita ao meu amigo Zé Ginga com quem passaria alguns bons momentos.

Passaria praticamente o resto da tarde deitado ouvindo música e lendo alguns dos meus livros preferidos.

Após o jantar vi a novela (Sinhazinha Flô) e posteriormente daria uma voltinha até lá abaixo à freguesia para apanhar um pouco de ar fresco. Estaria por alguns momentos a conversar com o meu amigo Zé Matos.

Antes de me deitar (23h45) efetuaria o meu habitual treino físico (flexões).